Coopérnico celebra oitavo aniversário com lançamento do projeto-piloto da primeira comunidade de energia cidadã

A Coopérnico, cooperativa para as energias renováveis, comemora hoje oito anos e lança o projeto-piloto que tem como objetivo criar a primeira comunidade de energia cidadã em Portugal. Este é um modelo que já existe em vários países europeus e que ganha forma agora em Portugal, através da Coopérnico. A cooperativa quer apoiar o desenvolvimento de projetos de autoconsumo coletivo para a transição energética e respetivos benefícios ambientais e económicos.

2022-10-22
O prédio, onde habitam seis famílias, vai investir num total de cinco módulos fotovoltaicos de 450Wp, com capacidade de produção de 3307 kWh por ano, tornando assim o seu consumo de energia mais limpo e mais autossuficiente. Com este projeto, prevê-se que cada família poupe cerca de 145 euros por ano.

Nas comunidades de energia cidadãs, são os cidadãos a liderar o processo de implementação e desenvolvimento da sua comunidade local de energia. Para a Coopérnico, e para o movimento das comunidades de energia em toda a Europa, é fundamental que o investimento em projetos de comunidades de energia com base em diversas tecnologias (solar, eólica, hídrica, ou outra) seja realizado ou tenha uma ampla participação de cidadãos.

Como afirma Nuno Brito Jorge, “não faz sentido continuar a ignorar os desafios da sustentabilidade, assim como a crise energética que se vive em toda a Europa, quando temos soluções de energia descentralizada, mais justas, com racionalidade económica e com menos impactos ambientais. Este passo que damos, precisamente na altura em que celebramos o nosso oitavo aniversário, é importante para mostrar que qualquer cidadão pode fazer a diferença no futuro da Humanidade e do Planeta enquanto se está a proteger de uma economia de mercado, e setor, que nem sempre defendem os interesses dos cidadãos acima de outros.. Estamos muito orgulhosos por ser a Coopérnico a apoiar a primeira comunidade de energia liderada por cidadãos em Portugal.” 

Este projeto-piloto de autoconsumo coletivo é um passo fundamental para testar a forma como a legislação e os regulamentos em vigor funcionam no terreno, tirar a aprendizagem necessária para participar na melhoria do quadro legal e das ferramentas técnicas, e também para perceber as oportunidades e barreiras para os cidadãos. A partir daí, a Coopérnico construirá um modelo que permita a criação de muitas outras comunidades de energia cidadãs.

Manifesto para a transição energética

No  mês em que a cooperativa comemora o seu oitavo aniversário, lança também um manifesto pela urgência da transição para um modelo energético limpo e descentralizado.

O manifesto, que pode ler-se aqui, faz um conjunto de recomendações de política energética e destaca o papel que os consumidores “podem e devem” ter na aceleração da transição energética e na mitigação das alterações climáticas, tornando a sua pegada ecológica mais sustentável. “A União Europeia considera também que os consumidores e ‘prosumidores’ - pessoas que, ao mesmo tempo, produzem e consomem energia de fontes renováveis - têm um papel central na transição, sendo fundamental a sua participação ativa em Comunidades de Energia Renovável e Comunidades de Cidadãos de Energia (Citizens Energy Communities)”.

Hoje, na Europa, existem cerca de 160.000 cooperativas de energia renovável que contam já com 123 milhões de membros. No documento, a cooperativa afirma que “o modelo centralizado é pouco democrático, pouco preocupado com a criação de um novo paradigma socio-energético mais inclusivo e igualitário, ambientalmente menos sustentável e, no que respeita à distribuição, menos eficiente, comparativamente aos pequenos e médios sistemas de, por exemplo, energia fotovoltaica descentralizada”.

O manifesto termina com a sugestão dos caminhos para transição energética: 
  • Maximizar a Eficiência Energética, 
  • Maximizar a adoção do Autoconsumo Individual; 
  • Maximizar a participação de cidadãos em sistemas de Autoconsumo Coletivo e Comunidades de Energia; 
  • Facilitar e incentivar novas instalações de médio porte (i.e., 250 kW – 1 MW);
  • Promover a compra, troca e partilha de excedentes;
  • Promoção da participação e transparência na implementação (quando inevitável) de grandes centrais solares;
  • Mitigar os impactes das grandes centrais solares, reduzindo-as aos locais com melhor potencial e menor impacto no ambiente.