As iniciativas comunitárias de energia na UE querem e precisam de fazer mais para combater a pobreza energética
A Coopérnico, cooperativa portuguesa de energias renováveis, e os restantes parceiros europeus do projeto CEES dão a conhecer os resultados do questionário feito às iniciativas comunitárias de energia. O projeto CEES confirmou que existe a necessidade de recomendações sobre formas eficazes de identificar e ajudar os cidadãos em pobreza energética e um terço dos inquiridos afirma que a pobreza energética é prioridade.
2022-10-22
A incapacidade de manter as casas adequadamente climatizadas afeta negativamente entre 50 a 125 milhões de cidadãos da União Europeia, prejudicando a sua saúde e bem-estar, e resultando em despesas do orçamento público. Os custos associados à transição para energia limpa - alguns dos quais serão passados aos consumidores - ameaçam elevar o número de cidadãos em pobreza energética.
Com o objetivo de ajudar mais de 17.000 consumidores com baixo consumo de energia, gerar quase 2 milhões € de investimento em energia sustentável (para eficiência energética e energias renováveis de pequena escala) e reduzir as emissões relacionadas a energia em mais de 7,5 GWh/ano, o CEES irá experimentar e expandir mecanismos robustos de solidariedade energética.
“As comunidades de energia, reconhecidas ao nível europeu como vitais na transição europeia para as energias renováveis, têm a capacidade de mudar rapidamente o cenário de pobreza energética, mesmo enquanto as políticas públicas mais amplas ainda são debatidas. Na verdade, o conhecimento e as perspetivas recolhidas juntos destes projetos podem informar as políticas locais sobre este tema.”, diz Ana Rita Antunes da Coordenadora Executiva da Coopérnico.
Um terço das iniciativas inquiridas, de dezasseis países da UE, afirma que a pobreza energética é uma prioridade alta ou o foco principal do seu trabalho e outro terço tem pouco ou nenhum trabalho nesta área. A pobreza energética é um desafio local muito significativo para metade dos inquiridos, e apresentam a falta de financiamento e de pessoal como barreiras para a atuação.
80% das iniciativas gostariam de trabalhar mais na área da pobreza energética, citando outros entraves à participação e atuação, como a falta de conhecimento e barreiras burocráticas, legislativas e regulamentares. É preciso que haja recomendações sobre formas bem-sucedidas de identificar e apoiar os cidadãos que se encontram em situação de vulnerabilidade.
Ao longo de três anos, com financiamento do Horizonte 2020, o projeto CEES irá inventariar, analisar, experimentar e avaliar as abordagens atuais de combate à pobreza energética por parte de iniciativas comunitárias, criando um conjunto de ferramentas que outras possam aplicar de forma eficaz. Exemplos destas soluções passam pela capacitação de líderes comunitários e organizações; integração estratégica de medidas de eficiência energética e mudança comportamental, medindo impactos a nível familiar e comunitário; e a criação de regimes de apoio financeiro e não financeiro para famílias e para projetos de energia comunitária de forma mais ampla.
“O CEES está a ser importante para aprendermos com os nossos parceiros como melhorar as nossas práticas atuais de combate à pobreza energética e, sobretudo, para implementarmos novas ideias que ajudem a concretizar e a consolidar o combate à pobreza energética em Portugal”, explicou Ana Rita Antunes.
Um dos principais objetivos do CEES é incentivar todos os projetos comunitários de energia na UE, novos ou existentes, a incorporar a justiça energética como um princípio fundamental da sua atuação. A Coopérnico, enquanto parceria do CEES juntamente com ALIenergy, Enercoop e Energie Solidaire, Les 7 Vents, Repowering e ZEZ, foi selecionada pelos seus conhecimentos e experiência no desenvolvimento de abordagens inovadoras.
Saiba mais sobre o projeto CEES em energysolidarity.eu