O Fórum Europeu das Comunidades de Energia aprovou, esta quarta-feira, dia 21 de maio, em Cracóvia, na Polónia, uma Declaração conjunta que é um apelo à ação em tempos de conflitos, alterações climáticas e instabilidade económica. Durante dois dias, o Fórum anual organizado pela REScoop.eu, de que a Coopérnico é membro, reuniu 180 participantes de 42 países.
Primavera em ação!
Uma Declaração do Fórum Europeu das Comunidades de Energia.
Inspirada
pela lenda polaca do toque de trompete de Santa Maria, símbolo de
mobilização e poder comunitário, a Declaração do Fórum Europeu das
Comunidades de Energia, em Cracóvia, foi um apelo à ação e um lembrete
de esperança em tempos de conflitos, alterações climáticas e
instabilidade económica. Durante dois dias, 180 cidadãos empenhados,
líderes de comunidades de energia e especialistas de 42 países
reuniram-se com uma visão comum: democratizar a energia e impulsionar
mudanças por toda a Europa. Vivemos numa época em que comunidades
resilientes e iniciativas de base são mais essenciais do que nunca. Este
fórum não é apenas um evento; é um sinal de que estamos aqui para
remover barreiras, inspirar e agir. "Não sejamos apenas parte do
movimento. Sejamos o movimento."
Financiamento para ações no terreno
As
crescentes desigualdades sociais e económicas alimentam o
descontentamento e o crescimento da extrema-direita. Cada euro investido
em projetos de energia comunitária gera entre 2 a 8 euros para as
economias locais: estas comunidades são uma solução climática, promovem
coesão social e fazem sentido económico. Por isso, a UE e vários
Estados-Membros estão a criar esquemas de apoio dedicados, como os
programas LIFE (ex.: ENERCOM Facility) e o Fundo Social para o Clima.
Colaborações com municípios e outras partes interessadas
Os
municípios são aliados fundamentais nesta transição local. Quando os
governos nacionais e os quadros legais falham, as autoridades locais
assumem a liderança, co-criando soluções energéticas comunitárias. Desde
a reutilização de terrenos municipais para projetos solares até à
criação de gabinetes de combate à pobreza energética, os municípios
estão a moldar o futuro energético em parceria com as comunidades. Para
expandir estas iniciativas, é crucial falar a mesma linguagem,
reconhecer o papel das autoridades locais e investir na capacitação.
Promoção da partilha de energia descentralizada, flexibilidade e abastecimento
Imaginem
um futuro onde varandas e telhados estão cobertos de painéis solares.
Em edifícios multifamiliares na Roménia, os residentes partilham energia
através de comunidades locais, protegendo os arrendatários mais
vulneráveis. Exemplos como a Ecopower, na Bélgica, que fornece energia a
preços estáveis abaixo do mercado, ou as comunidades ucranianas e
palestinianas que reconfiguram os seus bairros com energia solar
descentralizada, mostram o caminho. Para que os cidadãos beneficiem
realmente, é essencial que sejam proprietários das infraestruturas de
partilha de energia. Operadores de rede e comunidades devem colaborar
para garantir o acesso à rede e desenvolver soluções locais de
flexibilidade, preservando-a como um bem público.
Apoiar melhorias de eficiência energética lideradas por comunidades
As
renováveis não são suficientes para construir um futuro energético
justo e sustentável. Comunidades de energia estão a liderar iniciativas
para reduzir o consumo e promover a suficiência, como renovações cidadãs
e sistemas de aquecimento e arrefecimento renováveis. Subsídios e lojas
cooperativas de apoio podem ser cruciais neste esforço. A UE já
reconheceu o potencial destas comunidades para alcançar poupanças de
energia. Agora é o momento de exigir: aqueçam as nossas casas, não o
planeta.
Reforçar a inclusão e a redução da pobreza energética
As
comunidades de energia não devem descurar a sua missão social. Muitas
iniciativas enfrentam barreiras relacionadas com classe, género ou
etnia. O Pacote Energia para Cidadãos oferece orientações aos
Estados-Membros para tornar a transição energética mais inclusiva e
acessível, promovendo comunidades de energia. O capital social é o nosso
maior valor. Para uma verdadeira inclusão, os cidadãos devem ter acesso
a energia, mas também a transportes, habitação, alimentação e saúde.
Mais fortes juntos: coligações e federações de comunidades de energia
Para
construir poder inclusivo e de base, precisamos de trabalhar em rede.
Alianças e federações são essenciais para fomentar o surgimento e
crescimento de comunidades de energia a nível europeu, nacional e local.
Além de facilitar o acesso a financiamento, informação e ferramentas,
oferecem suporte contínuo ao longo do ciclo de vida dos projetos. Para
maximizar o seu impacto, é necessário reconhecimento, inclusão em
discussões políticas e apoio estrutural.
Declaração, no original em inglês, disponível
aqui.